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"Condenem-me, não importa, a história me absolverá"

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O afastamento de Fidel Castro por motivos de saúde em 2006, junto com a transferência provisória do poder ao seu irmão, Raúl Castro, fez resplandecer os “olhinhos” norte-americanos sobre o destino de Cuba.

A história da ilha se baseia desde a época da colonização espanhola por Cristóvão Colombo, sendo uma das principais produtoras de açúcar e tabaco do mundo. As idéias revolucionárias de independência começaram a ganhar corpulência com o líder chamado José Martí, que nada mais nada menos, foi o inspirador de Fidel na sua época revolucionária.

Os Estados Unidos interessados economicamente, almejando e assistindo aos ideais de Cuba, apoiaram a sua independência e realizaram um pretexto de guerra à Espanha; - Um navio norte-americano, ancorado em Havana explode sem motivos e explicações. A Espanha sendo facilmente vencida, é obrigada a ceder o domínio de suas colônias.

Em 1902, mas sob restrições, os Estados Unidos concederam a independência a Cuba e impuseram a “Emenda Platt”, que garantia aos EUA o direito de intervir; - Uma base militar ainda existente, chamada Guantánamo.

A política cubana estava em mãos de governantes corruptos e autoritários, porém, em uma ascensão econômica invejada. Seu PIB (Produto Interno Bruto) era um dos três maiores entre os países latino-americanos. Contudo, havia um declive social, um estupendo índice de analfabetismo e pobreza nos campos, no que resultou em protestos. E numa dessas que o ex-sargento Fulgênico Batista aproveitou do levante popular para derrubar o ditador Gerardo Machado do poder. De 1934 à 1952 governou com apoio dos EUA, posteriormente por um golpe até 1958.

A oposição ao governo Batista cresceu, surgindo movimentos guerrilheiros. Em 26 de julho de 1953, um grupo de 120 jovens, liderado pelo então advogado, Fidel Castro, 26 anos, atacou uma das mais importantes bases militares de Cuba, o quartel de La Moncada. O ataque fracassou e muitos jovens morreram e os demais presos, assim como Fidel. Julgado a 15 anos de prisão, Fidel cumpriu apenas dois anos, por motivos e influências políticas. Em liberdade no México, conheceu o argentino “Che” Guevara, e juntos formaram com os outros exilados cubanos o “Movimento 26 de Julho” na retomada contra Batista. O exército na tentativa de deter os rebeldes num ataque a Serra Maestra, fracassou. E em 1º de janeiro de 1959, os revolucionários tomaram Havana, e Fulgênico Batista fugiu para República Dominicana.

A partir de 1959, definiu uma política de mudanças, a realização da reforma agrária e a nacionalização das indústrias. Opondo-se definitivamente aos interesses, levou os EUA a suspender a vital economia de Cuba, o açúcar. E o país se voltou para os soviéticos. Essa posição se explica a ocasião da Guerra Fria, em que o mundo se via bipolarizado, ou seja, era dividido em duas grandes potências, de um lado os Estados Unidos e de outro a União Soviética.

Em uma ação decisiva, os EUA apoiaram e treinaram exilados cubanos para uma invasão à ilha, anedota conhecida como “desembarque na baía dos Porcos”. O ataque foi um fracasso, e razão para uma definitiva união aos soviéticos.

O ponto culminante da Guerra Fria foi entre os governos Kennedy e Kruschev, na chamada “crise dos mísseis”. Quando os EUA descobriram que haviam mísseis soviéticos instalados em Cuba, e sob esta acusação e também pelo receio à disseminação socialista entre outros países, Kennedy criou a “Aliança para o Progresso”; - Um tipo de ajuda econômica que persuadia idéias norte-americanas, e expulsou Cuba da OEA (Organização dos Estados Americanos).

Após este enigmático quadro e embargo a uma nova guerra nuclear, encerrou-se com recuo de ambas as potências, a retirada dos mísseis de Cuba e Turquia, vizinha dos soviéticos.

A medida isolacionista dos Estados Unidos iniciou em 1961 com o bloqueio econômico à Cuba, que no entanto apoiou movimentos guerrilheiros a fim de subverter a alienação norte-americana. Em 1967, foi fundada a Olas (Organização latino-americana de solidariedade); - Apoiava movimentos guerrilheiros como Bolívia, Colômbia e países onde atuava o líder “Che” Guevara, morto no mesmo. Nesta política de enfrentamento, a América Central transformou-se em uma região de guerra civil.

O fim da União Soviética e por conseqüência a Guerra Fria, acabou com o monolitismo socialista por pressões exigidas pelo sistema capitalista. Em contrapartida, o regime socialista cubano, ganhou feições e características próprias, permutando-se no “regime castrista”; - Ditadura ao qual proíbe a livre organização política, imprensa não oficial e manifestações divergentes.

Tal episódio, repercutiu sobre Cuba, uma grave crise de racionamento. A ilha na tentativa de esquivar-se do assíduo bloqueio norte-americano, direcionou-se para o turismo, e anunciou a entrada de 750 mil visitantes em 1994.

Em 1998, uma importante ascensão na economia de Cuba, foi a eleição de Hugo Cháves para a presidência da Venezuela. Sob acordos bilaterais, a Venezuela fornece a preço subsídio o petróleo consumido pela ilha, e em troca recebe auxílio na educação e saúde do país. Cuba vive em um processo de recuperação, mas sua dependência econômica na minha opinião, e um alicerce frágil e inseguro.

No dia 24 de fevereiro, Raúl Castro, foi nomeado como presidente do Conselho de Estado, órgão do governo presidido por Fidel. Em época de eleição, a ilha nem aparenta estar em clima eleitoral. As pessoas não têm costume e nem hábito de falar sobre política, ficam incomodadas e repreendidas. Apesar disso, é um tanto complexo o procedimento eleitoral de Cuba, mas segue-se da seguinte forma; - No chamado voto unido, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) escolhe os candidatos, que na sua maioria são nascidos depois de 1959 (ano da revolução), para disputa eleitoral na Assembléia. Depois da eleição, os deputados elegem o Conselho de Estado, o Conselho de Ministros e o presidente do Conselho de Estado.

O sistema lenista-marxista adotado por Fidel, incorporou o comunismo e trouxe melhorias, a erradicação do analfabetismo e a igualdade social. Mas hesitou a população no aspecto político, perseguindo, prendendo e sufocando violentamente seus divergentes. Por esta razão, a política não tem muita repercussão no país, cabendo ao povo viver em uma considerável democracia censurada.

Em carta, veja renúncia de Fidel à Presidência:

“A meus caros compatriotas, que me deram a imensa honra de me eleger, recentemente, como membro do Parlamento (...) comunico que não desejarei nem aceitarei - repito - não desejarei nem aceitarei o cargo de Presidente do Conselho de Estado e Comandante Chefe". "Desempenhei o honroso cargo de Presidente ao longo de muitos anos. (...) Sempre dispus das prerrogativas necessárias para levar adiante a obra revolucionária com o apoio da maioria do povo". Fidel fala ainda das limitações que os problemas de saúde trouxeram, ressaltando que "trairia sua consciência assumir uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total, o que não estou em condições físicas de oferecer." E acrescenta: "Falo isso sem drama”.Na carta, ele lembra que "o adversário a ser derrotado é muito forte" e encerra com uma mensagem para o povo cubano: "Não me despeço de vocês. Desejo apenas combater como um soldado das idéias. Continuarei escrevendo sob o título "Reflexões do companheiro Fidel". Será uma arma a mais no arsenal com a qual se poderá contar. Talvez minha voz seja ouvida. Serei cuidadoso”.

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Frase do dia:

Viva como se fosse um sonho e morra como se fosse amanhã! - Prisioneiro da Morte